O pedido cita reuniões do senador Weverton Rocha com o principal alvo da Polícia Federal em esquema de fraude bilionário que causou prejuízos a milhões de aposentados

O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil/SP), apresentou requerimento, convocando o senador Weverton Rocha (PDT) a depor Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga fraudes bilionárias no INSS.
O pedido para que Weverton deponha na CPI foi apresentado um dia antes da prisão do Careca do INSS, acusado pela Polícia Federal de ser um dos principais operados do esquema que causou prejuízos de R$ 6,3 bilhões de reais entre 2019 e 2024.
No documento protocolado pelo deputado, Kim Kataguiri afirma as as investigações da CPI revelaram não apenas ações de organizações fraudulentas, mas a existência de um possível vinculo político que garantiu sobrevida e até proteção ao esquema.
À reportagem do O Globo, o senador Weverton retrucou o deputado e disse que o parlamentar tenta criar narrativa envolvendo seu nome.
No entanto, em maio deste ano, O Globo revelou que o senador Weverton se reuniu com o Careca do INSS pelo menos três vezes no Senado e também na residência do senador, onde almoçaram um “Costelão”, em confraternização. A versão foi confirmada por amigos, assessores do maranhense e até o próprio senador.
O deputado argumenta que a presença do senador Weverton na CPI é necessária para esclarecer os contatos que manteve com Antunes e
outros dirigentes investigados. No texto, ele lembra ainda que o atual secretário-executivo do Ministério da Previdência foi chefe de gabinete de Weverton
No requerimento, Kataguiri ressalta que a convocação não deve ser vista como ato de perseguição, mas como oportunidade para que o
senador apresente sua versão “sob compromisso legal” perante a comissão. “Assim, a convocação se mostra medida necessária para o
pleno esclarecimento da dimensão política do maior esquema de fraudes contra aposentados já identificado no país”, escreveu.
Para que a convocação aconteça, o requerimento do deputado precisa ser pautado pelo presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos MG), e aprovado pela maioria do colegiado.
O escândalo do INSS teve um novo capítulo nesta sexta-feira com a prisão de Antunes. A ação, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é um desdobramento da Operação Sem Desconto, que apura um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Segundo o GLOBO apurou, investigadores identificaram risco de fuga e indícios de ocultação patrimonial.
As investigações revelaram que os envolvidos praticaram “os crimes de impedimento ou embaraço de investigação de organização criminosa, dilapidação e ocultação de patrimônio, além da possível obstrução da investigação por parte de alguns investigados.” Ao todo, segundo a PF, “estão sendo cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão, autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, nos estados de São Paulo e no Distrito Federal”.
Após ser preso, Antunes foi levado para a Superintendência da PF em Brasília. De acordo com a investigação, ele teria movimentado R$ 9,3 milhões em repasses destinados a pessoas ligadas a servidores do INSS, entre 2023 e 2024. Procurada, a defesa do empresário não se
manifestou até o momento.