Jú do Coroadinho e os 6 anos de luta do Coletivo de Mulheres Negras da Periferia

Julianna Costa, conhecida como Jú do Coroadinho, é assistente social, mulher preta, favelada e referência social. Em 2019, ela fundou o Coletivo de Mulheres Negras da Periferia, que hoje completa seis anos de atuação no Coroadinho, oitava maior favela do Brasil e a maior do Nordeste.

Desde sua criação, o coletivo tem na Casa das Pretas a sua sede, espaço que se consolidou como ponto de acolhimento, memória e fortalecimento para mulheres, jovens e crianças negras. Com uma equipe de 8 diretoras e 10 voluntários, o coletivo construiu uma trajetória marcada por impacto social, cultural e educacional.

“Esses seis anos são de muita luta e resistência, mas também de muito orgulho. Nós, mulheres negras da periferia, não só sonhamos: nós realizamos. O coletivo é nossa contribuição para que a juventude e as crianças do território sintam menos o peso do racismo e tenham acesso à cultura, educação e ancestralidade”, afirma Jú do Coroadinho.

Entre os principais feitos do coletivo, destacam-se:

•Mais de 6 mil toneladas de alimentos distribuídas diretamente a famílias em situação de vulnerabilidade;
•Distribuição de mais de 1.000 absorventes e 200 coletores menstruais, além de mais de 10 rodas de conversa sobre saúde e educação sexual;
•Capacitação de mais de 250 mulheres e jovens em cursos de trancista, doces e salgados, barbearia e educação financeira;
•Mais de 3.000 pessoas atendidas em ações de assistência, educação e cultura, com +20 eventos culturais realizados no Quintal das Pretas;
•Ampliação da Casa das Pretas, com reforma e estruturação da Pretoteca, consolidando o espaço como referência comunitária;
•Reconhecimento nacional: prêmios nos editais Periferia Viva, Cidadania na Periferia e Pontos de Leitura.

Entre os projetos desenvolvidos pelo coletivo estão iniciativas que promovem cultura, educação, ancestralidade e protagonismo feminino, como o Elas sem Tabu, a Cozinha Ancestral, o Cine Coroadinho, a Pretoteca, Capoeira Arte e Vida, o Tambor de Crioula Filhas de São Benedito, o Tambor de Crioula Mirim, o Laboratório Antirracista, os Curtas Caminhos das Pretas e o Favela Tá no Clima. Essas ações impactam crianças, jovens e mulheres, fortalecendo a identidade cultural, oferecendo formação profissional e ampliando o acesso a espaços de aprendizado e resistência na periferia.

Este ano, o coletivo inicia um novo ciclo. Jú do Coroadinho passa a presidência para Letícia Vieira, uma das diretoras da Casa das Pretas, reafirmando o compromisso com a liderança compartilhada e a formação de novas referências femininas negras na favela.

A trajetória de Jú do Coroadinho é a prova viva de que mulheres negras da periferia transformam territórios, criam legados e escrevem futuros.

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