Gustavo Gaspar, ex-assessor do senador Weverton Rocha deu poderes para Rubens Costa sacar dinheiro de suas contas.
O economista Rubens Oliveira Costa, ligado a empresas investigadas por fraudes bilionárias contra aposentados e pensionistas, foi preso ontem na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, que apura a fraude contra aposentados e pensionistas. Ao decretar a voz de prisão, o presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG) alegou que o depoente mentiu e escondeu documentos.
“Aqui não é terra sem lei”, salientou Viana, ao justificar a medida. “Quem mente diante dessa CPMI não afronta apenas os deputados e senadores, afronta a lei, a Constituição e o povo brasileiro”, disse.
Ao longo da sessão, que durou mais de sete horas, foram vários os pedidos para que o presidente desse voz de prisão ao empresário. O vice-presidente da CPMI, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), foi um dos que pediram ao presidente da comissão a prisão em flagrante de Costa por crime de falso testemunho. Para eele, ficou evidente que o depoente teve “participação inequívoca” no esquema de fraudes contra aposentados e pensionistas. “Requeiro a configuração do crime de falso testemunho para que o Rubens, que ajudou a roubar aposentados por todo o Brasil, saia daqui preso. E a gente possa mostrar que aqui neste país tem lei e a lei precisa ser cumprida. Nós não podemos aceitar que brinque com a cara dos aposentados, que roube os pensionistas, que prejudique milhares de pessoas inocentes e ainda venha aqui mentir com a maior cara lavada”, apontou Duarte Jr.
Durante a sessão, ele se recusou a responder boa parte dos questionamentos, foi acusado pelo relator Alfredo Gaspar (União-AL) de mentir à comissão e recebeu notificação de pedido de prisão preventiva.
Em vários momentos da audiência, Rubens apresentou respostas evasivas ou preferiu se resguardar pelo habeas corpus que lhe permite o silêncio em perguntas que poderiam incriminá-lo. Demonstrava visível nervosismo, com expressões faciais constantes, enquanto parlamentares expunham documentos e dados que indicariam sua ligação com movimentações financeiras suspeitas.
O relator apresentou registros de contas que, segundo a investigação, ligam Rubens a empresas de fachada e a operações em benefício de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”. “Está aqui que o senhor repassou por moto próprio R$ 100 mil para o filho do diretor de benefícios. Isso é documento, não sou eu que estou inventando”, afirmou o deputado. Rubens negou a operação.
Outro questionamento envolveu a compra de um imóvel pela Vênus Consultoria em agosto de 2024. Rubens disse que a transação ocorreu por transferência bancária, mas não soube detalhar valores nem a entidade responsável. Ele também confirmou ter feito um curso de criptomoedas em 2023, mas negou aplicar recursos ou ter visto o “Careca” envolvido nesse tipo de operação.
O relator ainda confrontou o depoente sobre movimentações em espécie que teriam ultrapassado R$ 3 milhões. “Há imagens de câmera no banco mostrando o senhor retirando valores no caixa. O senhor provisionava, provisionava para retirar. Pode descrever cada etapa desses provisionamentos?”, questionou Alfredo Gaspar. Rubens respondeu que atuava apenas de forma administrativa e não como operador financeiro, mas foi novamente contestado pelo parlamentar.